Um pouco da fisioterapia
Uma das coisas que ainda muito me impressiona é a nossa capacidade de nos adaptarmos a novas situações e a de recuperação. Em 14 anos de profissão pude verificar a superação de vários pacientes, a capacidade de melhora de auto-estima e de qualidade de vida de muitos. O que nos torna humanos é muito mais do que nossa simples diferença enquanto animais pensantes, mas a nossa capacidade de nos adaptarmos ao meio que vivemos e adaptarmos o nosso meio a nós mesmos. Em termos evolutivos, temos que nos adaptar, em termos humanos, adaptamos o nosso ambiente às nossas necessidades.
Vou contar a história de uma criança, um bebê que nasceu com uma condição, Paralisia Cerebral (Encefalopatia Crônica Não-Progressiva da Infância), condição essa que em casos mais específicos leva a uma espasticidade generalizada (o bebê ficava com os membros extendidos sem conseguir dobrá-los e com um choro característico que não cessava). Por conta disso, algumas outras condições associadas ficavam mais evidentes. Apesar de já ter mais de 1 ano quando o conheci, não sentava, não andava, não deglutia e não conseguia dormir uma noite de sono tranquila. A alimentação era feita por sonda naso-gástrica para evitar a possibilidade de bronco-aspiração.
Após algumas sessões, conseguimos melhorar seu quadro de espasticidade, dando a ele a possibilidade de sentar no sofá, tendo efeito também na qualidade de sono dele e da família. Acredito que a maior vitória dele foi o fato de, após algumas sessões ter conseguido fazer uma alimentação oral, sem necessidade da sonda.
Com um pouco de persistência, somos capazes de levar qualidade de vida às pessoas, melhorando condições que podem afetar toda uma família e que podem ser alteradas pela persistência de quem pode acompanhar de perto.